sábado, 5 de setembro de 2015

RESENHA DO LIVRO EXTRAORDINÁRIO

*Contém Spoilers

PALACIO, R.J. Extraordinário. Intrínseca, Rio de Janeiro, 2013.

Raquel Jaramillo Palacio – R.J. Palacio - é diretora de arte e designer gráfica há mais de 20 anos e, agora, também escritora. Nova iorquina, iniciou uma campanha antibullying em seu site, para difundir a mensagem do seu primeiro livro, Extraordinário, lançado em 2013.
August Pullman nasceu com uma doença genética e por conta disso seu rosto é deformado, seus olhos parecem fora do lugar e quase não possui orelha. Quando mais novo, ele usava um capacete de astronauta para escondê-lo, assim se sentia como as outras pessoas. Por conta dessa sua deficiência, Isabel, sua mãe, o educou em casa até os 10 anos de idade. Ao chegar nessa idade, ela achou que August deveria tentar frequentar um colégio. 
Depois de muito relutar, da parte do pai e do próprio “Auggie”, o menino decide conhecer o colégio. Ao chegar em Beecher Prep, três futuros colegas - Julian, Jack e Charlote - foram recrutados pelo diretor para fazerem um tour pelas dependências da escola com August e, após conhece-la ele decidiu que gostaria de tentar.
No início os colegas sentem “repulsa” por ele e por isso acaba se tornando excluído e solitário. Mas então aparece Summer, que não se importa com o que os colegas pensam e se senta na mesa ao lado de Auggie. A partir desse dia os dois se tornam amigos e se sentam na mesma mesa todos os dias.
Com o desenrolar da trama, Jack também sofre desentendimentos com seus amigos e acaba se aproximando de August. Em um determinado momento, que Julian fala mal de Auggie, ele dá um soco na cara do menino para defender o amigo e então se torna o melhor amigo do personagem principal.
No final do ano os alunos fazem uma viagem em que vão conhecer uma reserva natural. Na noite de cinema ao ar livre acontece um incidente e alguns amigos de Julian defendem Auggie. A partir de então, August se torna um menino admirado por todos e as pessoas começam a perceber o quanto ele foi capaz de mudar suas vidas, com suas atitudes, sua forma de viver e de se posicionar diante das dificuldades que lhes foram impostas.
A cada ano, na formatura, o diretor faz uma homenagem a alguém que conseguiu algo grande durante o ano. Nesse final de período letivo o homenageado da vez é ninguém menos que August Pullman e é então aplaudido de pé. Sendo que até mesmo nesse momento de glória, ele ensina que “todos deveriam ser aplaudidos de pé, ao menos uma vez.”.
Palacio conseguiu trabalhar o preconceito de uma forma contagiante, contando a história do ponto de vista de vários personagens. Ela inicia o livro com August narrando e, durante esse tempo, não é possível saber como o personagem é fisicamente. Nos primeiros capítulos o leitor conhece a história dele e simpatiza com ele, muitas vezes se apaixona pelo personagem, adentrando a vida do mesmo. 
Quando Via, a irmã mAis velha, descreve o rosto de August, acaba sendo um choque, pois o mesmo não dirigia a si com a pena que os seres humanos, na maioria das vezes, sentem pelas pessoas diferentes de si. A partir de então é possível começar a refletir sobre como tratamos o outro, como diferenciamos o outro e como excluímos o outro.
A partir dessa leitura doce e envolvente começam a surgir as perguntas internas: Quantas vezes tratamos as pessoas assim? Quantas pessoas tratamos assim? Será que estamos sendo como os colegas de Auggie? Será que percebemos que estamos sendo preconceituosos?
Um livro de chorar, rir e se emocionar. Um livro de refletir, sobre a vida, suas dificuldades, nossas limitações, os fracassos e como encaramos tudo isso. 
O melhor livro infanto-juvenil que já tive o prazer de ler!
Todas as pessoas deviam ler esse livro, desde as crianças até os mais velhos. Extraordinário dará um novo sentido à vida de cada leitor.

reprodução

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