segunda-feira, 26 de outubro de 2015

FACULDADE ACABANDO, E AGORA?

Todo esforço, qualquer que seja o fim para que tenda, sofre, 
ao manifestar-se, os desvios que a vida lhe impõe; torna-se outro esforço, 
serve outros fins, consuma por vezes o mesmo contrário do que pretendera realizar.
Fernando Pessoa

Cinco anos se passaram...
Cinco anos tão longos e, ao mesmo tempo, tão rápidos...
Muitos trabalhos, muitas provas, professores mestres de vida e professores nem tão mestres, amigos, projetos, sonhos perdidos e sonhos nascidos...


Ainda faltam nove meses para formatura de verdade e de repente bateu o medo. Medo de não conseguir alcançar aquele sonho, ou pior, nem saber mais qual era aquele sonho...
É assim que acordo me sentindo nesses últimos meses, num vácuo, sem saber para onde seguir, porque parece que quanto mais conheço minhas opções, mais perdida fico...
Entramos na faculdade tão seguros de si, com um objetivo de vida (no meu caso ser farmacêutica fiscal) e então a vida começa a nos mostrar outros caminhos e você se pega perguntando o que fazer, para onde seguir e então vai perdendo o foco...
Sabe aquele empenho todo de começo de curso? Ele some e dá lugar para um desânimo imenso e se você pudesse só ficaria assistindo seriados, lendo livros que não são para a faculdade ou saindo se divertir com os amigos (comendo muita batata frita, de preferência).
Só que você tem aquele restinho de consciência de que precisa se formar, sem contar que ainda tem a Monografia e os estágios para chegar à tão sonhada formatura. Para piorar toda a situação a Monografia acaba com você e os estágios te deixam ainda mais confuso (algumas poucas vezes, conseguem te ajudar a direcionar o caminho) e você começa a querer jogar tudo para o alto e virar boleira.
Sim! eu tenho analisado todas as possibilidades...
Então você olha para dentro de você e nota que aquela pessoinha que entrou para a faculdade, toda deslumbrada e cheia de fantasias não existe mais, começa a enxergar uma pessoa adulta (chata, porque ser adulto parece tão chato), com responsabilidades e muitas decisões a tomar. Nesse momento bate aquela vontade enorme de jogar tudo para o alto e voltar para a casa dos pais (sem preocupações, sem compromissos, sem trabalho, sem contas para pagar...), mas então você se apega ao fato de que seus pais não merecem presenciar esse seu fracasso e dá mais um pouco de si (nem que seja se escorando) e enfim chega ao fim...
Bom, ainda não cheguei ao fim, mas acredito que seja assim até porque vejo as pessoas conseguindo (e penso "que guerreiras!"), então sei que é possível, só precisamos retirar lá do fundo da nossa alma, aquele pacotinho de perseverança e caminhar mas um tiquinho (rumo à glória).
Aí você pensa que acabou... Na verdade é aí que a vida começa e é disso que eu tenho medo, é essa incerteza que me trava toda vez que me lembro que em nove meses serei uma profissional formada e preciso decidir qual caminho seguir, porque apesar deu poder mudar a qualquer momento, a parcela populacional que se acomoda é muito maior do que aquela que se arrisca. 
Só de pensar já fico apavorada...
Agora vendo desse jeito, fico me perguntando porque eu quis tanto chegar aos 18 anos, achava que ia me mudar para o Rio de Janeiro, morar num lindo apartamento com almofadas com estampas tribais no sofá, minhas roupas estariam sempre limpas, passadas e guardadas, a comida estaria na mesa quando tivesse fome e eu passaria as tardes com minhas amigas fazendo compras no shopping, à noite iria para a academia e depois sentaria numa poltrona colorida da sala e beberia uma taça de vinho, lendo um bom livro ou assistindo a um filme antigo...
Ledo engano, hoje eu moro em Curitiba (apesar de amar essa cidade, nem sempre foi assim), não tenho sequer almofadas no sofá, lavo minhas próprias roupas e só passo elas na hora de usar (se for necessário), como comida pronta e produtos industrializados, cheios de conservante mais do que gostaria (estou sofrendo à beça para levar uma vida saudável e comer comida caseira), dá para contar nos dedos as vezes que vou ao shopping, não acho tempo na minha vida para fazer academia e nem gosto de filmes antigos.
Talvez as coisas não tenham saído exatamente como sonhava, mas hoje, quando olho para dentro de mim vejo que essa pessoa aqui não tem nada a ver com aquela adolescente que sonhava com essa vida fácil e fútil, quero mais que isso, muito mais. Só que esse muito mais não tem a ver com conforto ou facilidade, tem a ver com felicidade, com ser completa, com estar no meu eixo. 
Por isso sinto que estou no caminho certo, só tenho medo desse desconhecido e de onde ele vai dar, para onde ele está me carregando...

Deixa a vida me levar (vida leva eu) - Zeca Pagodinho

Mas então me lembro que sempre existe a chance de mudar, de começar do zero (ainda tem a opção de ser boleira) e fecho os olhos, respiro fundo, conto até dez e volto a acreditar que tudo vai dar certo, porque no final (ou na final, como gosto de dizer) tudo sempre dá certo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário